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sábado, 7 de agosto de 2010

Isolados no Universo?

Enquanto escrevo este artigo, seis homens: um francês, um chinês e quatro russos, envolvidos no projeto Mars500, se encontram confinados num simulador de nave espacial com 550m3 na Rússia.


O experimento se iniciou no dia 3 de Junho de 2010 e deverá durar 520 dias durante os quais eles não terão nenhum contato físico com o mundo exterior, embora possam enviar e receber emails de suas famílias e amigos.

Uma desistência de qualquer deles corresponderia à sua morte na futura e verdadeira missão.

O objetivo é experimentar a capacidade individual de isolamento do grupo, pois 520 dias (1 ano, 5 meses e 10 dias) é o tempo previsto para a viagem ao planeta Marte incluindo a ida e a volta mais os trinta dias de permanência desses “marsonautas” no planeta vermelho.

Marte é o planeta mais próximo de nós, mas está a mais de 220 milhões de quilômetros daqui embora seja aquele, dentre os demais do nosso sistema solar, cujas características mais se aproximam às da Terraa embora, ainda assim, sejam bastante hostis à vida conforme a conhecemos por aqui.

Mas além desse ambicioso projeto, outros não menos ousados já puseram sondas e satélites para viajarem por todo o sistema solar, inclusive um dos mais recentes que pôs os robôs Spirit e Opportunity para vasculharem o solo de Marte, tudo numa busca desesperada por sinais de vida fora da Terra e por respostas científicas para a enigmática origem do universo.

Mas se 220 milhões de quilômetros parecem muita coisa, consideremos que se fosse construída uma nave espacial com a capacidade de desenvolver a velocidade da luzb ela chegaria a Marte em apenas 12 ou 13 minutos. Mas essa mesma nave precisaria de 4,2 anos para chegar à estrela mais próxima de nós (sistema Alpha-Centauri) e outros 4,2 anos para voltar.

A distância que nos separa dessa estrela é tamanha que um pesquisadorc certa vez a ilustrou demostrando que se reduzíssemos o nosso planeta e essa estrela ao tamanho de moedas de cinquenta centavos e puséssemos uma delas aos nossos pés e quiséssemos por a outra a uma distância proporcional à da estrela real, teríamos que posicioná-la a mais de 3 quilômetros de distância de nós.

Isso demonstra o quanto estamos isolados no universo e justifica a grande sensação de abandono e isolamento no cosmos que aflige os cientistas do mundo todo.



Homem Inconformado

Consideremos o clamor “-Não podemos estar sozinhos no universo!” cada vez mais presente nos documentários científicos de hoje. Estou convicto de que não se trata de um simples desconforto existencial dos homens, mas de uma espécie de claustrofobia espiritual que remete aos dias da Criação.

Consideremos também todos os demais seres vivos que compartilham esse planeta conosco. Não há um só exemplo que demonstre em qualquer deles alguma insatisfação ou inconformidade com o meio onde vivem.

No ser humano porem, vemos um desejo primordial de conquistar o céu, de saber o que, como, quando, onde e o porque de tudo o que as lentes dos seus telescópios conseguem ver. Sem falar da forma como o ser humano vive nesse chão: por mais que engenheiros e cientistas de todas as áreas se esforcem nunca estão satisfeitos com a performance das máquinas e com a precisão dos instrumentos produzidos, de carros a satélites, não importa o quanto tenham se dedicado e o quanto de tecnologia tenham empregado.

Acredito que essa sede de autonomia, bem como a paixão pelo céu, junto com a inconformidade ao seu isolamento no universo, acentuam uma milenar sensação de incapacidade que perdura sobre o ser humano até hoje, sendo tamanha a limitação que sequer conseguiu meios para viajar seguramente entre os planetas mortos do seu próprio sistema solar.

A humanidade não consegue aceitar como possível a Terra ser o único planeta habitável do universo.

De fato, é como estar numa praia e pegando um único grão de areia descobrir e ter de aceitar que ele possui algo que nenhum dos demais grãos de toda a orla marítima têm.

Mas como comprovar ou desmascarar a exclusividade da vida na Terra se todos os outros sistemas solares estão tão longe? Tudo o que se pode deduzir se baseia nos estudos da luz e da energia que eles irradiam, e só!

Com as naves espaciais de hoje, que conseguem viajar a 100.000km/h no espaço o homem chegaria à estrela Alfa de Centauro somente após 45.000 anos de viagem e precisaria de outro tanto de tempo para voltard!

Então, se essa impossibilidade já é um ponto pacífico na ciência, porque o homem não consegue aceitar?



Herança

Estou inclinado a pensar que esse desejo pelo que não se pode alcançar é um resquício de um tempo em que o homem podia muito mais do que é capaz de fazer hoje.

A Bíblia mostra que originalmente o ser humano foi criado perfeito e que possuía capacidades impensáveis atualmente.

Pode ser que alguém advogue em favor de que o desejo de alcançar o que não se pode é uma característica humana que impulsiona a espécie para a frente possibilitando descobertas e invenções cada vez mais incríveis, mas nesta ótica em que a estamos tratando aqui a ansiedade humana parece mais uma saudade residual de uma capacidade perdida no passado do que esse pensamento progressista tenta explicar.

Os poucos exemplos que citamos acima sobre as dimensões do universo conspiram contra qualquer explicação conformista, mas a favor de uma revelação inegável: há uma desproporção abismal entre os anseios de conquista do homem e as distâncias que o separam de tudo o que há no universo!

Na edição 59 da revista Super Interessante, o jornalista Flávio Diegues concluiu: “- A conclusão mais simples e evidente é que o homem está condenado para sempre a contemplar a Via Láctea, sem nunca deixar o pequeno recanto em que surgiu. Certamente, ainda não se podem considerar como reais as diversas alternativas sugeridas pelos escritores de ficção científica”.


Estamos sózinhos no universo?